Tuesday, September 05, 2006

engajamento


ONG realiza protesto contra barragens

Ligia Martoni [05/09/2006]


Foto: Chuniti Kawamura/O Estado

Movimento tenta impedir construção de usinas no Rio Ribeira.

Ambientalistas da organização não governamental SOS Mata Atlântica estão fazendo uma expedição de protesto pelo Vale do Ribeira com o intuito de sensibilizar as comunidades ribeirinhas e autoridades a não permitirem a construção de barragens no rio que dá nome à região. O movimento, batizado de Ribeira Independente de Barragem, percorre desde o último sábado as localidades situadas entre os municípios de Cerro Azul, no leste do Paraná, até Iguape, em São Paulo. A constatação é de que falta informação aos moradores sobre as conseqüências da construção de usinas hidrelétricas ao longo do rio e que o desmatamento já é notável em boa parte do trajeto.

A expedição chega ao destino final nesta quinta-feira, onde realiza uma grande mobilização pela preservação do Ribeira. Ao longo do trajeto, os ambientalistas têm feito contato com as comunidades quilombolas que habitam a região e constatado que, se a usina de Tijuco Alto - proposta por uma grande companhia mineradora - sair do papel, grandes prejuízos ambientais serão acarretados. É o caso da transformação do rio de corredeiras em uma bacia de grandes lagos, por exemplo. “As corredeiras são responsáveis pela manutenção de uma enorme biodiversidade. A maioria dos peixes sobe o rio para a desova e, com isso, existe toda uma troca entre as matas ciliares, as áreas de remanso e o vale. Muito provavelmente essas espécies não sobreviveriam”, explica a coordenadora do programa Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.

Outro problema que ela destaca seria a mudança no pH da água acarretada por essa alteração. “Potencializaria a contaminação por metais pesados que essa região tem, principalmente o chumbo. Hoje, o pH do rio faz com que o metal se fixe no fundo, mas, se alterado, poderia contaminar toda a água. É grande risco de saúde pública”, acredita. Além disso, cita a pesquisadora, o impacto geológico seria crítico, uma vez que a região é permeada de cavernas que seriam inundadas. “Os estudos que se têm até agora não são aprofundados nessa questão”, critica. Sem contar a perda de biodiversidade que, segundo ela, seria irreparável. “Já constatamos o desmatamento de grandes áreas de mata atlântica ao longo do percurso para plantação de pinus, tendo como conseqüência o assoreamento do rio.”

Para a ambientalista, as comunidades que habitam o vale ainda não têm informações suficientes sobre o impacto das intervenções. “As discussões, hoje, sobretudo no comitê de bacias do Ribeira, são muito superficiais no que se refere a informações para a sociedade. Nosso objetivo é trazer esses dados para analisar se querem ou não esse modelo de desenvolvimento, exigindo das autoridades esse acesso.” De acordo com Malu, o Eia/Rima (relatório de impacto ambiental exigido pelo Ibama quando de projetos como os das quatro hidrelétricas programadas para ser instaladas no Ribeira) feito até agora é insuficiente. “Há vinte anos tenta-se licenciar o local, mas é preciso que questões ambientais e de impacto social sejam detalhadas. Ao contrário do que se fala, estamos percebendo que aqui não é região de fome, mas que essas pessoas têm qualidade de vida. Se tiverem de desocupar a área, certamente migrarão para regiões urbanas, viverão em favelas e perderão sua identidade cultural.”

Educação ambiental

Controle de zoonoses mostra importância da posse responsável na RMC

Divulgação / UFPR [05/09/2006]


Diminuir o sacrifício de animais nos centros de controle de zoonoses, as mordeduras provocadas por cães e, ao mesmo tempo, atuar numa questão de saúde pública. Foi com essa idéia que teve início há cerca de dois anos o projeto de extensão "Controle de Zoonoses na Região Metropolitana de Curitiba" promovido pelo Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná.

O objetivo inicial era trabalhar com a esterilização de animais em regiões de populações de baixa renda. Mas, ao longo do trabalho, o que se viu era que a castração não resolve o problema. "Era um primeiro caminho - porque mobilizava toda a comunidade - mas não resolvia a questão como um todo", emenda o coordenador do projeto professor Alexander Biondo. "O que percebemos é que não adianta controlar zoonoses e esterilizar animais sem que fosse trabalhada a educação em saúde".

Cão na escola

Uma solução encontrada, e que vem trazendo excelentes resultados, foi trabalhar na formação de disseminadores de informações, ou seja, educar as crianças de uma forma efetiva para que elas levassem a questão da posse responsável para dentro de suas casas, para dentro de suas comunidades. Foram assim que surgiram duas ações dentro do projeto de extensão: "Cão na Escola" e "Veterinário Mirim".

"É provado que o convívio humano com um animal doméstico melhora a interação com outras pessoas e auxilia no cognitivismo pessoal, formando um cidadão mais consciente", comenta Biondo. "Assim pensamos numa ação que pudesse ser desenvolvida dentro de uma escola de ensino fundamental. Nele atuam não apenas os nossos alunos da Veterinária, como pedagogas da Secretaria de Educação de São José dos Pinhais e veterinários do CCZ - Centro de Controle de Zoonoses do município."

Uma cadela jovem, pequena, dócil e saudável foi resgatada das ruas, vacinada e desverminada passando também por uma quarentena. Depois de toda a fase de "preparação" ela foi introduzida na rotina da Escola Municipal Emílio de Menezes que agora têm atividades envolvendo a mascote. "Fazemos palestras, apresentamos vídeos e vamos fazer um sorteio onde será escolhido o nome da cadela", explica o professor Biondo. "Com atividades que parecem apenas lúdicas, o que queremos é trabalhar a relação homem-animal e, ao mesmo tempo, obter dados mensuráveis referentes ao nível de informações sobre posse responsável e controle de zoonoses que essas crianças possuem, avaliando também como será o progresso delas ao longo do projeto."

Uma pedagoga da escola ajuda no desenvolvimento de todo o trabalho que também é acompanhado de perto pelos alunos da UFPR e pela equipe de uma pet shop colaboradora (Txucão) que prestará todos os cuidados básicos como banhos e alimentação.

Veterinário Mirim

Nos municípios de Paranaguá e Pinhais é a atividade do Veterinário Mirim que vem movimentando várias escolas das redes municipais de ensino. Um concurso faz os alunos redigirem um texto abordando a questão da posse responsável. Os vencedores passarão o Dia do Veterinário acompanhando a rotina dos profissionais no Hospital Veterinário da UFPR.

"O dia 9 de setembro é o Dia do Veterinário", conta Biondo. "Vamos marcar a visita para o dia 13, porque o número de escolas envolvidas é bem grande e ainda vamos julgar os textos. Os vencedores irão receber um kit de veterinário, com avental, estetoscópio e um termômetro."

Em Pinhais a parceria é com o CCZ que já começa a pensar não apenas nos resultados imediatos, mas também nos de longo prazo. "Aqui os alunos estão respondendo a uma pergunta: 'Qual a melhor solução para o problema dos animais de rua'", explica a veterinária responsável do CCZ de Pinhais Roberta Schaefer Mouchbahani. "Estamos trabalhando com duas escolas-piloto, envolvendo quase 600 crianças. No ano que vem queremos envolver todas as 25 escolas do município."

Atuando há um ano, o CCZ de Pinhais trabalha com a coleta seletiva, recolhendo e sacrificando - apenas quando necessário - somente os animais que podem realmente transmitir zoonoses. Tudo é feito mediante a permissão do proprietário. "Mesmo com o uso de anestesia e de todos os cuidados para evitar o sofrimento do animal, queremos reduzir o número de eutanásias", diz a médica. "No ano que vem, queremos inclusive trazer os alunos aqui para que eles possam conhecer o CCZ e apagar aquela antiga imagem da carrocinha."

Paranaguá

Em Paranaguá 150 escolas devem participar do concurso. Elas estão sendo visitadas por uma equipe formada por integrantes da SPAP - Sociedade Protetora dos Animais e da Patrulha Ambiental do município.

"Aqui conseguimos o apoio da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, além de empresas particulares e de clínicas veterinárias", comemora Lourilis Francis Nogueira, promotora de bem-estar animal da SPAP. "Estamos nos surpreendendo porque os próprios pais estão ajudando as crianças a responder a questão do concurso."

Um dia no hospital veterinário

Devem visitar o Hospital Veterinário da UFPR na comemoração do Dia do Veterinário pelo menos 10 crianças vencedoras do concurso em Pinhais e Paranaguá. "O caminho da educação e saúde ainda é o mais barato", comenta Alexander Biondo. "Mesmo com campanhas de esterilização sabe-se que a cada ano pelo menos 25% dos cães são repostos na comunidade. Ou seja, elas precisam ser freqüentes. Por isso é tão importante envolver de forma cada vez mais maciça a comunidade na resolução do problema", finaliza.

(extraído do Paraná-online)